Devastação
Percorro os cantos
e os encantos da memória,
a solidão cobre-me os ombros,
arrepiando-me em versos
traumatizantes e longos.
Tua imagem me vem
fugaz, ao pensamento,
inundando meu corpo,
como um forte vento
a bagunçar meu porto.
Vivo cada momento
a remoer lembranças,
na entrega do destino
da minha sorte, de meu desatino.
Se ao menos ouvisse
tua voz franca, melodiosa
a sussurrar promessas,
a delirar sem pressa...
Se te recordasses
quando corei, timidamente
com as rosas que me entregaste,
com os versos que declamaste...
Porém, lembranças se vão
e ficam a angústia, a solidão
a habitarem meu corpo devastado
por teu amor, a mim negado.