Versos sobreviventes
Dá-me o teu corpo aos meus cuidados,
que eu beberei nas águas tormentosas,
e regarei teus seios como às rosas
que apetecem os galhos já murchados.
Guarda em tua dor o grito desalmado,
que te ecoa nas retinas calejadas
de tanto ver as tuas mãos, dilaceradas,
sagrarem os sofrimentos do passado.
E eu te darei os beijos mutilados,
os que sobreviveram à agonia
dos versos que, ao morrerem na poesia,
vivem, por conta de ti, eternizados!