O AMOR

O amor é um esquilo

Deixado em paz no parque.

O amor são tulipas vermelhas

Deixadas em paz no imenso Greenwich Park.

São essas pétalas jogadas ao acaso

Sobre meus ombros sem companhia

- O reconhecimento de que ela me faz falta

Aqui em Londres.

O amor é uma mancha verde

Na grande mancha de óleo desse mundo.

É o silêncio ecoando

Em cada caverna do sabor de um beijo;

Cada círculo aberto

Na superfície calma desses grandes dias cruzados a remo

- Só ela e eu.

O amor sou eu

Arrancando ervas daninhas do poema,

Enquanto pombas andam entre as letras

E pardais não decidem nunca a linha onde pousar.

O amor é vadiar por aí

Na possível metade da minha vida

Enquanto, no Brasil, ela trabalha

E nem imagina esse banco

E essa primavera

- a única, talvez,

A me surpreender no Greenwich Park.

Nelson Oliveira
Enviado por Nelson Oliveira em 12/12/2005
Reeditado em 21/06/2006
Código do texto: T84833