O AMOR
O amor é um esquilo
Deixado em paz no parque.
O amor são tulipas vermelhas
Deixadas em paz no imenso Greenwich Park.
São essas pétalas jogadas ao acaso
Sobre meus ombros sem companhia
- O reconhecimento de que ela me faz falta
Aqui em Londres.
O amor é uma mancha verde
Na grande mancha de óleo desse mundo.
É o silêncio ecoando
Em cada caverna do sabor de um beijo;
Cada círculo aberto
Na superfície calma desses grandes dias cruzados a remo
- Só ela e eu.
O amor sou eu
Arrancando ervas daninhas do poema,
Enquanto pombas andam entre as letras
E pardais não decidem nunca a linha onde pousar.
O amor é vadiar por aí
Na possível metade da minha vida
Enquanto, no Brasil, ela trabalha
E nem imagina esse banco
E essa primavera
- a única, talvez,
A me surpreender no Greenwich Park.