O objetivo

Ela consentia aquele estupro todas as noites. Porque ela o amava, sim, eu sei que ela o amava. Sim, ela estava molhada e não sangrava.

Sim, ela sangrava. Talvez não lá embaixo, mas nas entranhas, no profundo do ser, no seu mais escondido querer e não querer mais bancar a cachorra todos os dias, a putinha, a insaciável, a avassaladora.

Com ele entre as pernas ela olhava o teto, mas queria olhar nos olhos. Com ele montado, nela, animal de quatro, ela olhava para a cama, para o lençol, para os fluidos, para o tempo, o tempo que não passava, ele nunca passava, não depressa. O seu esporrar lívido, o fingir do gôzo, e ela fingia, quase sempre fingia estar feliz...

E ele sorridente perguntava, "gozou"? E ela sorridente respondia, sim meu amor, muito! E ele satisfeito acreditava, e ela só pensava e ela só queria, lhe dizer:

O objetivo do amor não é o orgasmo...

O objetivo do amor não é o orgasmo...