Estranho Adeus
Quando passar por aquela porta,
Quero lhe desejar infelicidades,
Todas as amarguras do mundo,
A frieza e palidez de um moribundo,
A tristeza, o rancor, que lhe apareça,
Todos os tormentos em sua cabeça.
Quero, o desprezo aos leprosos,
O esquecimento dos indigentes,
A solidão do quarto, das gentes,
Os dias sem sol, sombrios,
As noites de trevas, em silêncio.
Quero que não se arrependa de seus atos,
Nem me peça o perdão que lhe negarei,
E naquele cantinho infestado de ratos,
Quero que,simplesmente, morra,
Enforcada, queimada, ou na masmorra.
Quero lhe desejar mal,que saia perambulando,
Sem rumo, sem destino,
Que seja como aquele menino,
Sem natal, sem futuro.
Que lhe falte o pão, o sexo, o amor,
Que em vez de piedade, só tenha rancor,
Que lhe paralise as pernas, os braços,
Dormência nas mãos, fique cega para sempre.
Vai logo, o que espera?
Quando passar por aquela porta,
Não olhe para trás, nem chore,
Antes que lhe deseje felicidades.