-------------------------------------------------------------------------------- Citação de: Vilma em 21/Jan/08 23:37 Mote: um poema para um objeto. Vale qualquer objeto e qualquer tipo de poesia. À guisa de ilustração, Carlos Drummond de Andrade: Cerâmica Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara. Sem uso, ela nos espia do aparador. Bjss
As cunhas
Nas cunhas dos meus sapatos
Fico alta
vejo alto
subo alto
estou no alto
e falo alto.
Mas se tropeço num caco
Caio feio
Me derreio
Bato com o nariz no chão
E então?
Como posso levantar-me
Passos, eu vejo passando
Apressados
Indiferentes
Distanciados
Estendo a mão
Pois de apoio estou precisada
Qual nada
Paciente fico sentada
Quero voltar a estar alta
No alto das minhas cunhas
E vejo a revoada de gente
que acelerada
Quer pegar as minhas cunhas
Que partidas estão desfeitas
Já não me servem de nada
são uns cacos
E reflicto….
Volto aos sapatos antigos.
Não têm cunhas
Têm um salto á medida.
E recolho-os em silêncio
Calço-os
Que bem me ficam
Foram sempre os preferidos
São vermelhos cor da alegria
Estavam num canto desprezados
Pela minha fantasia
De subir a cunhas um dia
Eu queria experimentar
e eram pretas bem lustrosas
cor da dor e da ignominia
para longe vá o agoiro
prefiro as minhas bailerinas
posso dançar livremente
saltar e não vou cair.
Até se anda mais depressa.
Com leveza e habilidade
subimos descemos
quando queremos
o topo podemos alcançar
é só nossa liberdade tomar
Deus me livre de tais cunhas.
Não passam de devaneios.
Mas é que eu sempre odiei cunhas….
Mas deu-me para ali um dia
serviu-me bem de lição
Cai de cara no chão
Foi bem grande o trambolhão
De tta
22-01-08
11-24
As cunhas
Nas cunhas dos meus sapatos
Fico alta
vejo alto
subo alto
estou no alto
e falo alto.
Mas se tropeço num caco
Caio feio
Me derreio
Bato com o nariz no chão
E então?
Como posso levantar-me
Passos, eu vejo passando
Apressados
Indiferentes
Distanciados
Estendo a mão
Pois de apoio estou precisada
Qual nada
Paciente fico sentada
Quero voltar a estar alta
No alto das minhas cunhas
E vejo a revoada de gente
que acelerada
Quer pegar as minhas cunhas
Que partidas estão desfeitas
Já não me servem de nada
são uns cacos
E reflicto….
Volto aos sapatos antigos.
Não têm cunhas
Têm um salto á medida.
E recolho-os em silêncio
Calço-os
Que bem me ficam
Foram sempre os preferidos
São vermelhos cor da alegria
Estavam num canto desprezados
Pela minha fantasia
De subir a cunhas um dia
Eu queria experimentar
e eram pretas bem lustrosas
cor da dor e da ignominia
para longe vá o agoiro
prefiro as minhas bailerinas
posso dançar livremente
saltar e não vou cair.
Até se anda mais depressa.
Com leveza e habilidade
subimos descemos
quando queremos
o topo podemos alcançar
é só nossa liberdade tomar
Deus me livre de tais cunhas.
Não passam de devaneios.
Mas é que eu sempre odiei cunhas….
Mas deu-me para ali um dia
serviu-me bem de lição
Cai de cara no chão
Foi bem grande o trambolhão
De tta
22-01-08
11-24