Meninos do Sertão: sonhos em papel

Em terras secas brotam letras, belas falas,

como sementes finas de sonhos, pelo chão.

Meninos pequenos, frágeis como palha,

fazem do saber sua saga, construção.

Com lápis e cadernos, a plantar histórias,

desenhando saberes, como mãos de artesão.

O papel em branco é um mar de mistério,

onde risos e letras se tornam poesia.

Em mãos aprendizes, cria-se impérios,

de vivas memórias, de nova alegrias.

De traços e rabiscos, brotam flores e versos,

no sertão de lavras, em que a alma se guia.

São rostos infantis, cheios de bravura,

vislumbrando o mundo, com olhar de sonhador.

Nos olhos de tais ninos, espelha-se a ternura,

de quem, na escola, descobre seu valor.

Nas páginas riscadas, germinam vitórias,

sementes do afeto, colheitas de amor.

O vento leva ao longe o som das histórias,

cantigas de infância ecoando no ar.

São sonhos-meninos, projetando glórias,

que o peito pequeno começa a sonhar.

Pedaços do tempo, guardados em folhas,

como quem planta esperança, através olhar.

Cada traço revela um mundo encantado,

no desenho que cresce em cada pincel.

O sertão se transforma em reino bordado,

o saber é o mapa, o limite é o céu.

Com olhares atentos, eles criam e recriam,

as vozes, os mitos, do jeito mais fiel.

E enquanto escrevem, tecem, quiçá, o futuro,

na paisagem seca, em que precisam aprender.

São meninos do chão, de sonho leve e puro,

de um mundo maior, que ainda hão de conhecer.

Com mãos pequeninas e passos inocentes,

a seguir por caminhos, que hão de florescer.

Cada folha riscada é um pedaço da vida,

que ali se reflete, que ali se constrói.

Com olhos de estima e alegria contida,

descobrem-se mestres, a quem nada corrói.

Crescendo em saber, na ferrenha jornada,

Relevância, marcas, que, por vezes, dói.

O sonho de menino se faz menestrel,

cantando ao sertão, que o saber o embala.

O vento do tempo é força, é carrossel,

levando ao futuro, o que o presente fala.

No sertão de letras, há versos de amor,

gravados, pra sempre, no tempo e na sala.

Um olhar de sentidos, fez um sonho menino

Virar construção, em paragens tais...

Um desejo e um leme apontando um destino,

Utopia... Para além das linhas abissais.

Papel em movimento, criando estruturas...

Moldura imanente, em cotas desiguais.

Messias, 11.11.24

Mano Messias
Enviado por Mano Messias em 17/11/2024
Código do texto: T8199056
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