O CAMINHO NO CAOS
O CAMINHO NO CAOS
O ser humano difere dos bichos,
Pois não vive para a saudade,
E querer bem mais por caprichos,
Traz a fome maior que a cidade.
Todos querem e buscam a riqueza,
Mas a riqueza quer ócio e luxo,
Sem se ver como instante na mesa,
Pois ninguém é um rio sem fluxo.
Só há rio porque chegam as águas,
E o rio nunca é o mesmo de ontem,
Pois há choro de gozo ou mágoas,
Como há chuva, calor e o homem.
Mas um dia nós seremos desertos,
Mesmo sob as enchentes de antes,
E o mar terá os céus encobertos,
Pelas nuvens de ventos errantes.
Chegarão Éolo, Pegasus e Hermes,
Mas também vão voar os abutres,
Ao seguir com Ogum e tuaregues,
Só não se pensem filhos ilustres.
Não gastem mais que o necessário,
Nem façam silos sem safra e gente,
Se contentem com pão sem denário,
Pois a usura só gera indigentes.
Sejam o colo sem bombas no berço,
Pois essa vida só pede um abraço,
Desde o dia em que vives um terço,
Pois viver e morrer são passos.
É o caminho no caos que se acha,
Pois os ciclos vão sempre ocorrer,
E se usamos calça ou bombacha,
Vai ter quem está nu pra correr.