FALAR OU ORAR
FALAR OU ORAR
O modo errôneo é falar por Deus,
Porque só nos basta a meditação,
Se falar é orar e pedir a Deus,
Mas agradecer deve ser a razão.
Somos o sopro da vontade divina,
E não nos cabe a Deus questionar,
Nem cabe ser quem determina,
Pois o nosso destino é "sei lá".
Não há tempo para ter pretensões,
Pois nosso sopro é vida de aves,
Só pedindo que tenhamos verões,
E buscarmos ver além das traves.
Não devo fitar da caverna platônica,
À espera de sombras e das ilusões,
Se a voz além muros dá a tônica,
E o viés da loucura são as emoções.
Eu penso nas fábulas dos antigos,
Ditando regras que não cumpriram,
Imolando no altar o próprio umbigo,
Com medo dos xamãs que nem viram.
E vejo que tudo é busca por poder,
Sem dó com seus próprios convivas,
Escravos da vida que estão a vender,
Pois o que temos são horas de vida.
Proclamam que a oração é benéfica,
Mas ela quer ser dona da criação,
Quando vem como a receita médica,
Mas a cura da alma quer boa ação.
São contos de médicos e monstros,
E contos de fadas, bruxas e anjos,
Celebrando como fosse em Knossos,
Pois tem minotauro entre humanos.