RIO E MAR

RIO E MAR

 

Às vezes eu penso em chorar,

E querer ser como os rios,

Num arrepio diante do mar,

Pois lá não serei mais um rio.

 

E o único medo da chegada,

É ser ela talvez meu final,

Mas a grande e feliz sacada,

É tornar-me oceano e sal.

 

Fui saber o porquê estou vivo,

Se morro desde ontem e de novo,

Porque nunca aceitei o motivo,

Para não celebrar com o povo.

 

Os mais fortes criaram castas,

E comemos baratas como servos,

Sem direito à noz quem descasca,

Porque crêem que rei é eterno.

 

Nossa vida é um rio no leito,

Sem as barragens ou igarapés,

Pois mar morto não dá jeito,

Se o sapato não serve ao pé.

 

E "do rio ao mar" vira um lema,

Seja por liberdade ou atitude,

Pois o povo não é um problema,

Mas, o amor quer paz e virtude.

 

Onde o homem finda a guerra,

Tudo soma para a felicidade,

Pois a casa quer água e terra,

E merece o amor de verdade.

 

Não há lado certo no espaço,

E tudo é fonte de equilíbrio,

E por isso defendo o que faço,

Mesmo com o corpo nos trilhos.