Queime

Calor gélido

Que me queima

E me sufoca

Vento do oeste

Em fúria

Atravessa as grades dessa prisão

E abra a cela

Escancare a porta

A ideia

A verdade

E a raiva

Raiva, que consome

Tudo

Me queima

Ou eu te queimo?

Fogo vivo

Neutro

Ignora a face

Mas sabe

Que ela está escancarada

Fecha os olhos

Dorme

Antes que veja

O espelho d'água

Queima

E então apaga

Solidão

Que me devora

Abre as entranhas

Gélida ou amarga?

Confusão profunda

Aprofunda a mente

E então fecha

Se esconde

Cala

A cela está fechada

Não olhe

Não veja

Nunca

Repare

Dor

Que me devora

Porquê?

A verdade

A pergunta

Ignora

Mas se eu abrir os olhos

Verei que nada mudou

Só permanece

Constante

Sem mudanças

Sem avanço

Inalterada

Vazia

E isso dói

Queima

Sufoca

E devora

Até não restar pedaços

E então reconstruir

Reprogramar

Como se nada tivesse acontecido

Porquê?

A verdade

É que essa pergunta

Dói

Escancara

O vazio

Nada

Nunca

Então

Se estiver em um poço

Com a mente vazia

E aceitar o vazio

O nada

Nado

E volto para a superfície

Inteira

Pois o que queima

E devora

É melhor que o nada

Então,

Queime

Kartofel
Enviado por Kartofel em 14/11/2024
Código do texto: T8196626
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