Queime
Calor gélido
Que me queima
E me sufoca
Vento do oeste
Em fúria
Atravessa as grades dessa prisão
E abra a cela
Escancare a porta
A ideia
A verdade
E a raiva
Raiva, que consome
Tudo
Me queima
Ou eu te queimo?
Fogo vivo
Neutro
Ignora a face
Mas sabe
Que ela está escancarada
Fecha os olhos
Dorme
Antes que veja
O espelho d'água
Queima
E então apaga
Solidão
Que me devora
Abre as entranhas
Gélida ou amarga?
Confusão profunda
Aprofunda a mente
E então fecha
Se esconde
Cala
A cela está fechada
Não olhe
Não veja
Nunca
Repare
Dor
Que me devora
Porquê?
A verdade
A pergunta
Ignora
•
Mas se eu abrir os olhos
Verei que nada mudou
Só permanece
Constante
Sem mudanças
Sem avanço
Inalterada
Vazia
E isso dói
Queima
Sufoca
E devora
Até não restar pedaços
E então reconstruir
Reprogramar
Como se nada tivesse acontecido
Porquê?
A verdade
É que essa pergunta
Dói
Escancara
O vazio
Nada
Nunca
Então
Se estiver em um poço
Com a mente vazia
E aceitar o vazio
O nada
Nado
E volto para a superfície
Inteira
•
Pois o que queima
E devora
É melhor que o nada
Então,
Queime