RAZÃO PRO CONSUMO

RAZÃO PRO CONSUMO

 

Não há dias sem enfrentamento,

Pra quem louva a paz e o amor,

Pois há muito algoz e lamentos,

Com o capitalismo a pleno vapor.

 

Sei que a rima fala de vapor,

Mas o ódio cavalga é a jato,

E a prepotência quer seu valor,

Caso o amor perca o contrato.

 

Tudo agora é razão pro consumo,

Sob embalagens e som de tambor,

E tudo é moda e casa sem prumo,

E até o mel não tem mais sabor.

 

Tudo já vem pronto de fábrica,

E artesãos são peças de museu,

Pois até na península arábica,

Ninguém conhece um bom judeu.

 

No mundo moderno tudo é bala,

Mas há quem prefira bombardeio,

E vai a paz, se a guerra escala,

Se o mundo não quer o cordeiro.

 

A ganância premia quem se vende,

E vão gastando as horas de vida,

Pois tudo que se compra e sente,

Quer o miaeiro da fé combalida.

 

Será mesmo que compramos valor?

Se o verdadeiro valor é a morte,

Pois a vida é uma etapa e suor,

Para ser um desenlace sem norte.

 

Ser forte é não ter tentações,

Pois a vida é um simples acordo,

Em que o tempo seduz estações,

E nos dá um convite pro jogo.

 

Só não diga que é um gladiador,

Pois um rico não vai ao certame,

Mas um pobre vai querer o penhor,

E sua aliança não paga o vexame.