DISFARÇADO
O artista é santo disfarçado,
Daquilo que o santo gostaria de ser,
Com suas tintas e versos encantados,
Revela o que a alma não pode conter.
O santo é forte, em sua crença firme,
Ergue muros de fé, em busca de paz.
Mas o artista, com seu olhar sublime,
É bálsamo suave que o mundo traz.
Em cada traço, uma prece sussurrada,
Em cada nota, um lamento profundo.
O artista transforma a dor em jornada,
E faz da tristeza um canto fecundo.
O santo busca luz nas sombras da vida,
O artista dança entre o riso e a dor.
Ambos são ecos de uma mesma lida:
Um clamor por amor e por fervor.
Na tela ou na oração,
Caminham juntos, sem saber ao certo.
Um é a busca, o outro é a canção,
E na arte e na fé, encontram o afeto.