PUNHO
Eu gosto do trem fora do trilho,
Do alambique do nó que se desata,
Das ruas que dançam sob a luz do brilho,
E da madrugada que nunca se desbata.
Andar pela cidade, no silêncio profundo,
Varar a noite, como um sonho errante,
Escrever sem fim, traçando o mundo,
Com palavras soltas, num verso constante.
Cada esquina é um verso à espera,
Cada sombra carrega uma história a contar.
No compasso das horas, a alma se libera,
E no caos da vida, eu aprendo a amar.
Gosto do inesperado, do improvável encanto,
Do trem que descarrila e faz tudo mudar.
A beleza está na curva e no pranto,
Na liberdade de ser e de se deixar levar.
Com a caneta em punho,
Desenhando o amanhã no papel amassado.
E mesmo que o caminho seja torto e espinho,
A poesia é meu abrigo, meu lar desejado.