CAIS
Quando o tempo
pareceu se perder
e me atacar,
me fiz cais
para
me atracar.
Distante das mágoas,
perante às águas
nas ondas desse mar,
eu fui leito,
nas páginas do amar
me fiz leitor,
caçei a paz,
sentimento
duradouro,
cavei com pás
o sedimento ...
ancoradouro
do poço
me despeço
oceano
que reflete,
atravesso,
o fosso
bebo
da fonte,
da fronte,
no espelho,
convexo,
confesso:
quis ser mais,
do tempo que
se esvai
e não se refaz,
eu fui
brincar
de infinito,
sonho
mais bonito,
é o desejo de
ser cais.