Ato Contrito
ATO CONTRITO
... e essa dor que estanca o grito,
Essa dor que amordaça o clamor,
Essa dor que tiraniza a omissão do ato contrito...
Dera eu... ahhh quem dera eu sair mundo afora;
Liberto da teia que eu mesmo teci,
Nos devaneios de baco dos quais fora eu mesmo que urdi,
Mouco da alma e trôpego do eco de mim mesmo a reverberar-se na solidão em anáfora...
... e essa luz que pensava ser minha, mas que trânsfuga esvaiu-se para minha outra face,
Em que a umbra eclipsa e me deixa em trevas mesmo sendo lucigênito...
Por conta, será de um pecado congênito?...
... e esse aperto que vem do lado esquerdo, mas em simulacro à um coração dorido,
Mas que bem sei que não vem da carne, mas de um Espírito sofrido...
Que por vezes engana a mim, a ti, só não engana às minhas escolhas,
Porque não há como se ocultar; não há pra onde se transmutar... quem colha, que acolha!
Dera eu... Ahhh quem dera eu sair mundo afora – sem sequer olhar pra trás
Liberto do cipoal que me prendera às entranhas...
Que ouve o Espírito, mas não o compreende porque se prende ao material painel fugaz;
Que somente o vê, mas que ainda não consegue enxergar e reparar suas ações tacanhas...
Daí a solidão em anáfora:
Solidão de mim...
Solidão dos que vejo, mas que não me veem;
Solidão dos que não vejo, mas que me veem;
Solidão Daquele que se desfaz para de novo se refazer. -
gxp, 25/10/24 23h41
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