20 de outubro de 2024

Ontem foi um domingo sombrio

Ruas vazias, como de costume

O céu estava fechado

A chuva fraca

E uma visita marcada

Aqueles amigos que ficam

Uma renovação de laço

Aqueles amigos que não se transformam em lembranças do passado

Apenas

Ainda

E eu poderia ter aproveitado mais

Mas a minha mente continuou em seu ritmo sem pausa

Sem tempo para meditar

E eu pensei de novo no meu pai

Um novo hábito para quem não se esquece

Que ele teria gostado daquele domingo cinzento

Da comida do almoço

De beber sua cervejinha

De curtir sua vida

Foi tudo ontem

Hoje, as nuvens continuam de chumbo

A previsão anuncia a volta do sol e da chuva forte

Típico do final de ano

Do segundo ano sem ele

Do segundo ano sem a esperança que ele representava

Do segundo ano esperando que venha um terceiro com mais otimismo

De um final de ano em que mais uma vez me dedico

Mais um desafio que eu nunca soube lidar

Nunca aceitei as mentiras da sociedade humana

E justamente por isso que nunca consegui me adaptar aos seus labirintos

Até hoje

Cheios de becos sem saída

Sem saída

Apenas para quem o controla ou não se deixa ser totalmente controlado

Que vai se esgueirando pelas beiradas

E nunca vi outubro passar tão rápido...

Que também tenha disciplina para o desafio de dezembro

E quem sabe...

Se tudo vai ser diferente

Ou se vai ser mais uma velha decepção

Se darei algum rumo em minha vida

Ou se continuarei solto à deriva

Sem saber o que é leste ou oeste

Norte ou sul

Pois, das minhas certezas mais profundas:

De como eu amo os dias nublados

O cheiro do ar úmido

Do vento fresco de um dia triste

Como se os deuses tivessem atendido ao meu pedido

Mais uma vez...