Pipoca

A vida é como comer pipoca, dá uma preguiça de começar, mas, uma vez que começamos, não queremos mais parar. Comendo pipoca agora, para atender o tema da minha filha, Ana Júlia, cheguei a essa conclusão óbvia.

A vida a que me refiro, o ato de viver, é diferente de existir. Essa habilidade, sim, viver é uma grande arte, pressupõe movimento, como o da pipoca na panela aquecida. Sem o que ela é apenas milho, cru, duro, sem graça.

Pipoca é uma expressão que vem da língua tupi, pipoka, que significa “pele estourada”. Muito mais interessante, ela fica, muito mais bonita, inclusive, com a pele machucada? (nem parece), do que intacta, sem passar pela dor, sem o incômodo do calor, da pressão. Mas, também, sem as recompensas do processo.

Tem gente que é como pipoca também. Mas no sentido nada interessante, gente estourada, sem paciência, gente que confunde as coisas, que não entendeu e nem procura entender o sentido da vida.

Dessa pipoca quero distância, quero rir de longe, da criança que não quer crescer. Não quero nem graça com essa pipoca, apesar da gracinha que fiz agora.

Escolha sua pipoca. Afinal, ser feliz depende, em grande parte, de nossas escolhas.