"A queda dos deuses"
O Orfeu que neste verso estava a despir-se
Entregou a sublime chave da linda Penélope,
E com Hipnos e Dionísio a ouvir o Antílope,
Que em símbolo pôs o Morfeu a sentir-se.
Revolta-se a nuvem branda da contingência
Pondo em alarde o novo que fez-se um apenas;
Com a ciência do mais alto servo de Atenas
Ao presente nunca dantes viu-se a consciência.
Transpôs em símbolo a tão cara magnificência
Dos estrambólicos versos que sempre indicam
O caminho mais puro que se chega da essência.
Nos convidando ao mito e alegórico mundo,
Onde muitos jaz entreguem estão a senciência
Que de tão antigo e longínquo, belo mundo,
Confunde a todos com a persistente diferença!
E, assim, o deus ao trair o mito, transformou-o,
Ele, o grande Ulisses, em apenas mais um Alípio.
Com isso, a tão bela Pythia, trouxe a ombros seus
A mais pura verdade: tão somente mentiu Zeus.
Encorajou, assim, a tão elevada revolta armada.
Do Olimpo desceram os deuses, pois em caos
O mundo se tornará, do seu trono, injustiçada,
Hades, os liberou, as vítimas dos capatazes,
Trazendo a tão esperada e amada liberdade!