Não vai nem vem
Hoje acordei de sol,
conjugando mundos e enchendo barrigas
na verdade emergente de quem traz
a voz embargada.
Não, não sou daqui,
mas também não sou de lá,
sou aqui e sou lá,
este intermediário vacilante
entre a pedra e o rio.
Não, não há orgulho e nem distrações,
não se trata de modelo ou teoria,
antes, da verdade imperativa
do verbo flutuante.
Das coisas, se as sei, não sei;
somos efeitos de causas irreparáveis.
E se o fim é certo,
mais verdadeiro é o mistério
que nos costura a boca.
Hoje eu acordei de sol,
mas Dioniso brilhava
nos olhos de Apolo,
e quando me imaginei louco,
tive certeza de que não voltaria,
pois nunca parti.