Afogado
Olhei-me no espelho
Em meio ao céu de nuvens ligeiras.
Quis pegá-las, quis tocá-lo, mais próximo do azul,
meu braço afundado até o ombro,
e num piscar, escorreguei...
Meus olhos estranhamente calmos e
as quase moscas assistiam
ao espetáculo de sombra e lodo.
Meus pés expostos sentiam
o vento forte que balançava
a goiabeira estéril.
Tempo, não sei precisar,
a vida toda,
talvez nunca tenha saído de lá.
Minha mãe, que me puxara pelos pés, chorava
e me ninava.
E eu só pensava no céu,
e quão próximo cheguei
de virar passarinho.