Faço Versos
Por que será que faço versos?
Podia fazer contos, romances
Ai que preguiça!
Metade do romance cabe em dois quartetos
A outra metade sintetizo em dois tercetos
Deixo a minha alma voar até à alma universal se juntar
Criar personagens, ser autor omnisciente
Penetrar no inconsciente
Valha-me Deus! Eu não sou omnipotente
Como qualquer pagão nem sei direito fazer a lição
O mundo intelectual, soa falso, me faz mal
O meu avô dizia: quanto mais estuda mais burro fica
Tinha razão: a intelectualidade, a racionalidade
Vão colocando travas no coração
Trancam as portas do amor, da piedade, da bondade
O meu avô tinha razão, era mestre na sabedoria do coração
À razão dava valor, mas não a deixava valer mais
Equilibrava as inteligências. São iguais
Por isso faço versos, ali cabe a alma do pastor, do doutor
Ali até posso dizer que já vi o Criador a criar
São só versos. Quem é que vai acreditar?