ALÉM DA VIDA
Além da vida, há um nada nevoento
Que me assombra a alma e esta espera
Por anônimo ocaso e frio vento
De outros tempos me desespera.
Apenas o esperar, inúmero e prolixo
Desse sucessivo e insípido dia-a-dia
Ainda traz-me à alma um sossego fixo
E uma doce e lânguida melancolia.
Afinal, sou eu a dor e a semelhança
Que possa existir entre nós dois.
É ela, sou eu, partes da Esperança
Sem princípio, sem antes nem depois.