Fora do quarto

Não existia mais o fora do quarto

Só tinha um canto onde eu me jogava e me afundava cada vez mais

Eram tantas as vozes na minha cabeça

E a estrada diminuía, chegava ao fim

Desolada comecei a chorar,

O vento batia no meu rosto

Eu tentava ir, mas a estrada chegava ao fim e eu voltava para meu canto escuro

Tentei sair do lugar e andar pelas veredas cheias de espinhos que me dilaceravam

Caminhei , caminhei junto com as vozes gritando na minha cabeça...e eu sozinha enlouquecendo perdida no nada

Tudo era tão vago, tão escuro...

Medeia desesperada e ferida era eu

Nada existia fora do quarto, apenas serpentes raivosas a me picar

Ainda lembrarão elas de mim?

E do desespero animal que contorcia minha alma?

A estrada era sem fim

O meu fim já era também

Relutante, com medo de mim, com medo de tudo, sentei, chorei, me desesperei

A esperança que eu teimava em ter, se foi

Fechei os olhos esperando e nada aconteceu...

Voltei para o meu canto

Onde não existia o fora do quarto

E o fim da estrada era meu fim .

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 28/09/2024
Reeditado em 23/11/2024
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