Fora do quarto
Não existia mais o fora do quarto
Só tinha um canto onde eu me jogava e me afundava cada vez mais
Eram tantas as vozes na minha cabeça
E a estrada diminuía, chegava ao fim
Desolada comecei a chorar,
O vento batia no meu rosto
Eu tentava ir, mas a estrada chegava ao fim e eu voltava para meu canto escuro
Tentei sair do lugar e andar pelas veredas cheias de espinhos que me dilaceravam
Caminhei , caminhei junto com as vozes gritando na minha cabeça...e eu sozinha enlouquecendo perdida no nada
Tudo era tão vago, tão escuro...
Medeia desesperada e ferida era eu
Nada existia fora do quarto, apenas serpentes raivosas a me picar
Ainda lembrarão elas de mim?
E do desespero animal que contorcia minha alma?
A estrada era sem fim
O meu fim já era também
Relutante, com medo de mim, com medo de tudo, sentei, chorei, me desesperei
A esperança que eu teimava em ter, se foi
Fechei os olhos esperando e nada aconteceu...
Voltei para o meu canto
Onde não existia o fora do quarto
E o fim da estrada era meu fim .