O meu limbo é a emoção do imediato

No deserto do presente

Na paisagem mais homogênea

Apesar de suas montanhas e planícies

Do chão duro de pedras que nós mesmos criamos

Do sol forte que eu mesmo carrego

E apenas eu

Dentro da minha única prisão

De sentir as dores dos outros

De sentir revolta, indignação...

Por esse mundo tão perdido

De sentir nas veias a sua tensão

De reagir aos seus fios de doutrinação

E dizer não e não

Ao seu amor despudorado pelo dinheiro

Abstrato

Ao seu grande apreço por uma ilusão

Seus sorrisos falsos

Suas brigas inúteis

De polarização

Mesmo sabendo que é um labirinto

E por saber o que é

E não poder voar ou sair

Sofrendo mais, dentro do meu limbo

Em que eu sei o que é a razão

E apenas eu

Em minha única prisão

Que eu sempre busco

Em que eu sempre me refugio