Justo julgamento
O defunto em seu caixão
Seu último leito
Não mais podia mover sua mão
Nem seus pés e estático era seu peito
Gélido seu corpo arroxeado
Indícios da decomposição
Todos reunidos a sua volta
Imóvel se apresentava o cadáver
O padre chega para uma última oração
Se inicia o ofício aos mortos
Eis que surge a questão
Enquanto os presentes se encontravam absortos:
"Respondei-me, quão grande e numerosas são vossas iniquidades?"
Nesse instante, fez ouvir uma voz em sepulcrau sonoridade:
"Por um justo julgamento, fui condenado!"
Aqueles que ali estavam
Amedrontados ficaram...
Novamente o sacerdote recomeçou
A oração fúnebre continuou...
Até o momento da indagação:
"Respondei-me, quão grande e numerosas são vossas iniquidades?"
O corpo senta-se apesar da morte
E diz com voz intensamente forte:
"Por um justo julgamento de Deus, fui acusado!"
E de novo cai em seu leito
Apavorados, os rogos tiveram que parar
Seria melhor no dia seguinte continuar...
Novamente se reuniram
Receosos com a ocasião
O vigário retoma a prece...
Pela terceira vez
Faz-se a interpelação:
"Respondei-me, quão grande e numerosas são vossas iniquidades?"
O morto ergue-se da sua mórbida horizontalidade:
"Por um justo julgamento de Deus, fui condenado!"
Encerrou-se a oração
Nada mais podia ser feito
Para uma alma que não havia mais jeito
Assim, o padre que ali estava
Muito sensibilizado,se retirou
Indo para um monastério
Definitivamente do mundo abdicou
Abraçou rigorosamente o Divino mistério
Na solidão do retiro
Buscou o caminho da salvação
Se preparando para o justo julgamento de Deus!
São Bruno fundador da Ordem dos Cartuxos, rogai por nós.🙏🏻