Extremo
Adoro perder-me por dentro
Me sentindo elemento
De tal conjunção
Interrogar-me em silêncio
Pensar que até dezembro
Os verdes mais verdes serão
Adoro me sentir elemento
Razão de extremos em consternação
Adoro pronunciar os desejos
Que sem fome sem medo
Me deixam um suspeito
Queixam-me predileção
Em tempo o intento se lê
Quando saio é dezembro
Num raio me lembro do vento
Estou enfim isento em extremo
Adoro conjugar-me por dentro
Lendo cada lento verso por verso
Folhear folha por folha
Com total isenção
Poesia, afeto, sentimento
E mais um quarto elemento
Que me surpreenda, e me entenda
Que me repare em vão...
(Daniel Cartaxo Penalva)