Quem?

Quem sabe quem é

se as palavras já cantavam todas as canções?

Sou, por acaso,

o único ridículo

que me visto de silêncio,

que dispenso defesa

em meio a dedos

e a todo tipo de infâmia,

que me percebi percebendo

e abracei a solidão.

Quem se sabe ser,

se vestidos de maquinários

e meta máquinas,

vomitam discursos

articulados por Deus sabe quem?

Não me conformo, não me deformo,

não há nada a ser dito,

nada cabe nessa solidão.

Palavras que já conheceram

Juazeiro, Roma, Pequim,

palavras que se apaixonaram por Ana,

engravidaram Luana, Judite, Amauri.

Palavras monogâmicas,

vadias, hermafroditas;

Palavras sem pé, nem cabeça;

Palavras sem boca.

Daqui onde estou,

somente o silêncio mudo

tem voz.