Poemetos
AMOR AO VENTO
Amor, o que foi isso
que passou por aqui?
Feito um vento maldito,
deixou tudo por um triz.
Parecia tanto, era nada.
Muda cor, muda estação.
Hoje, ecoa na estrada
o silêncio da ilusão.
Teu olhar, que se apagou,
foi estrela cadente.
Passou rápido, deixou
só o vazio presente.
E eu, que me iludi,
fui poeira ao vento
de um amor que vivi
apenas no pensamento.
DESPEDIDA
Sou mera sombra vazia
de um sonho sem cor,
lembrança fria
do que chamam de amor.
Já quase nem lembro
se existiu de verdade,
foi chama em dezembro,
morreu na primeira tarde.
Dias passaram lentos,
como se fossem ninguém,
levando os momentos
que a gente nem tem.
E agora, só resta
um vazio, uma lição:
quem sonha, não presta
atenção no fim da canção.
ESTILHAÇOS
Entre noites e cacos,
teu silêncio me corta,
sou barco sem porto
no mar que não volta.
Teu adeus é um eco
que apaga meus passos,
e o abraço que espero
morre em estilhaços.
Já não há mais versos,
nem rimas pra nós,
somos dois inversos,
distantes e sós.
MIRAGEM
Vejo que foi só miragem
num deserto inventado,
uma falsa paisagem
que deixei do meu lado.
Era tudo tão claro,
até que escureceu;
um adeus tão raro
que ninguém percebeu.
Teus olhos me mentiram
com promessas no olhar,
e os dias se despiram
sem vontade de ficar.
Hoje, sou passo errante
nesse chão sem calor,
buscando, adiante,
o que nunca foi amor.