Voo Cego
As letras espalhadas na mente
Infelizmente não formam palavras
As ideias são tão vagas
Tais quais vagões de trem sem carga
Que deslizam por um trilho diferente
Tento juntar as partes embaralhadas
Mas elas riem com total desdém
Acabo me tornando refém
De uma prisão escancarada
Sou poeta sem versos, sem rimas
Me distancio, num sobrevoo
Observo tudo de cima
Mas elas riem de mim
Me afrontam sem piedade
Não há mais flores no jardim
Não existe luz na cidade
A noite chega sem que haja dia
Na inexistência de qualquer rastro
Após tanta espera, acontece o parto
Nasce morta a poesia!