ANSEIOS
Quisera que tivesse havido um dia de sol a resgatar
Em meio à tempestade — como também um olhar
Destemido por entre penumbras nas trilhas
E uma palavra de desengano que de modo provável
Acalentasse a saudade e o sonho
Quisera que tivesse havido um trovão que dissesse
Com angústia e sangue de todas as mães desta terra
O não dito
No silêncio profundo de um grito
Quisera que tivesse havido um instante roubado
Ao tempo incontornável numa certa trajetória
Por onde a vida, em seus breves passeios
Fosse elã no sopro da brisa que ora mal se aspira
Quisera que tivesse havido verdades que brotam
Das rochas e que mas dessem como ervas de cura
Porém o que se revelou foi apenas o vazio ou pior
O engano
De uma aventura que não teve jeito
Quisera que tivesse havido — mais do que saudade
E sonho —
Um porvir no rosto da infância há eras abandonada
Em acerba miséria que aqui se fincou
Pois o que nos resta ao final da jornada
É o eco de tudo o que não vivemos.
Redigido em Kimbundu.
Tradução do Autor.