Linhas Cruzadas
Quando os paradoxos se cruzam
O espelho e o reflexo se invertem
O real e o imaginário mudam
Passado e futuro se atraem e se repelem
As flores do tempo murcham
As histórias se repetem
Os medos e os desejos copulam
E na fonte do impossível bebem
Os traumas e os monstros se expurgam
As tristes memórias esquecem
As leis da vida burlam
E com as próprias medidas se medem
Algoz e vítima se acusam
Os fatos e provas os impedem
As horas duram e perduram
Para muito além do que devem
Num ultimato, dá ponte pulam
E deixam que os ondas os levem
As mãos doloridas procuram
Por outras mãos que não se mexem
Porque sozinhas não se curam
E, em vão, socorro pedem
Os vários eus entre si lutam
Com garras afiadas se ferem
Uma única identidade buscam
O tempo passa... não conseguem...
(Poesia inspirada no texto DICOTOMIA, do poeta Antônio C Almeida)