Linhas Cruzadas

Quando os paradoxos se cruzam

O espelho e o reflexo se invertem

O real e o imaginário mudam

Passado e futuro se atraem e se repelem

As flores do tempo murcham

As histórias se repetem

Os medos e os desejos copulam

E na fonte do impossível bebem

Os traumas e os monstros se expurgam

As tristes memórias esquecem

As leis da vida burlam

E com as próprias medidas se medem

Algoz e vítima se acusam

Os fatos e provas os impedem

As horas duram e perduram

Para muito além do que devem

Num ultimato, dá ponte pulam

E deixam que os ondas os levem

As mãos doloridas procuram

Por outras mãos que não se mexem

Porque sozinhas não se curam

E, em vão, socorro pedem

Os vários eus entre si lutam

Com garras afiadas se ferem

Uma única identidade buscam

O tempo passa... não conseguem...

(Poesia inspirada no texto DICOTOMIA, do poeta Antônio C Almeida)

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 31/08/2024
Código do texto: T8141366
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