Seca

Eu joguei fora as flores que

você me deu,

sinto que nada mais é capaz de florescer

dentro de mim.

Me tornei um jardim vazio

próximo a um rio

que secou.

A chuva desistiu de cair,

agora é tudo seco,

assim como dentro de mim.

Não consigo mais chorar

ao mesmo tempo que vejo

tudo desmoronar.

O que eu mais temia

era congelar sem você,

tão ingênua.

Mal sabia que

tardiamente descobriria

que o calor me faz sofrer.

É um daqueles dias

que se estendem por semanas

e eu desejo que o inconsciente

me abrace e fique.

Sinto que sou apenas um esqueleto

me arrastando pelos caminhos

do Universo.

Minhas cores circulam dentro

do azul infinito do céu profundo

e eu mergulho dentro

do meu próprio mundo.

Converso sozinha com minha própria solidão

e rio sozinha em meio à escuridão.

Sigo vagando pelo caos

que instalei em mim mesma.

Sou um anti-herói,

sou minha própria destruição.

Queria que a vida fosse mais

do que a efemeridade de um desejo.

Queria que os sonhos tivessem aversão

às gavetas.

Queria que as cicatrizes das asas

fossem temporárias e eu tivesse coragem de voar

de novo.

Se eu pudesse voar,

eu alçaria voo agora

e te encontraria em meio ao céu,

meu coração é teu mais sofrido troféu.