Benzedeira
No fundão do campo, no fim da invernada
Na costa da sanga, vivendo sozinha
Conheci Siá Maria já velha, coitada
Cabelos já brancos, pele enrugadinha
Sua pele morena de cria da terra
Seu coração puro de bugra guerreira
Que tanto cuidado com todos encerra
Vivendo sua vida de fiel benzedeira
Cuidando de todos, com suas benzeduras
Receitando modos de trato importante
Ensinando a seu modo que pasmo se cura
Mas tem que benzer “9 vez na minguante”
Prá cortar cobreiro, um tição em brasa
Trazendo o mais perto que possa aguentar
Depois atirar lá no canto da casa
Prá levar consigo a doença e curar.
Prá criança novinha que pega quebrante
Usar água benta com galho de arruda
Benzendo uma vez, com fé que é importante
A mãe ou a madrinha, assim Deus ajuda
E assim tantas outras receitas passando
Prá que o povo aprenda a se defender
Passa pouco a pouco como imaginando
Que a morte já ronda seu pobre viver