[ESCRITORES, PENSADORES & DISCOS VOADORES]
18h00min
Quando você acorda quase 1h da tarde e vê que - além de nada ter acontecido e ninguém ter te procurado e sua gata estar dormindo ao seu lado (porque também ninguém a procurou...) - o dia está escuro e chuvoso. Você sabe que o dia será morto do início ao fim, como um cacto mantido fora do vaso. O dia cinza, alguns relâmpagos ao longe... Receio de que falte luz, hora de sair enfiando músicas num pendrive esperando por uma noite de escrita e música clássica. Talvez não... talvez tudo mude... Eu tenho trabalhado meu pessimismo. Tentando ser um cara melhor... Fui pessimista por 40 anos, agora eu olha em volta e penso "ei, talvez faça sol... DE NOITE! Anjos cantarão um Axé!"...
Três adolescentes de roupas de banho apareceram na loja, fiquei com vontade de dizer: "vocês deveriam olhar o aplicativo do tempo antes de sair de casa assim", mas eu soaria; OU como alguém exageradamente paternal; OU... como um pervertido. Mas sempre que jovens entram aqui eu sinto falta de minha filha e quero conversar com eles. Pois sinto falta de conversar - pessoalmente - com ela. É SÓ isso! Bom, todos eles estavam super à vontade, exceto um garoto que desencadeou uma crise alérgica com meus livros e minha gata. O coitado não parava de espirrar e tossir.
De repente uma relíquia do passado veio até nós... E assistimos esse evento juntos. Um enterro típico de interior. Apenas para os nativos da cidade. Pessoas tristes (poucas pessoas) subindo a ladeira na garoa, o padre na frente, o caixão que subia sendo carregado por rostos que eu nem sei direito. Não achei conveniente ficar olhando-os nos olhos. Apenas avisei aos adolescentes que fecharia a porta enquanto eles passavam. Por respeito. Logo que passaram uma chuva forte caiu. "O pessoal do enterro tomou essa chuva!", exclamei com pesar…
Alguns minutos depois a chuva passou e os adolescentes se foram.
(volto já...)