O Povo
Carlos, eu também já fui brasileiro;
destes que se sentam e observam a vida passar,
destes que se agarram a vida e a vivem plenamente,
destes que com fé e esforço conseguem sorrir.
Eu também já fui brasileiro;
daqueles que de amor falam quase nada,
daqueles com uma paixão impossível,
de várias paixões,
e também daqueles que têm paz.
Eu também já fui brasileiro;
moreno, baixo, cheio de ignorância,
cheio de ideias.
Subi morro, andei no mato,
tomei banho de cachoeira
e pesquei aos domingos no entardecer.
Eu também já fui brasileiro;
Indignado com a política,
amante de futebol, esquio,
filosofo em mesa de bar.
Eu também já fui brasileiro;
orgulhoso, de ferro, malandro, triste...
Eu também já fui brasileiro;
rasguei papeis em repartições
me escondi do mundo atrás de uma mesa
e lá fora; nada além do cotidiano.
Eu também já fui brasileiro;
do país do futuro onde Deus foi nativo.
Mas onde os homens se sentam,
o povo transpassa o poema
e agora, tudo parece folha rasgada e mais nada.
Leonardo Ramos