Ausência da Poesia
A poesia se retira.
A poesia não se faz,
Não se deita, não sorri.
Nenhuma expressão habita em seus olhos.
Nenhum império se enlaça em sua boca.
Nenhum corpo lhe parece afável,
Digno de ser tocado.
Mas sei que ela ali está,
Indecifrável, em um silêncio profundo,
Nesse escuro que a abraça
E lhe faz amor.
A poesia se recusa, se ausenta.
Não existe melancolia que a excite.
Não há amor que lhe faça querer
Núpcias com estes dedos,
E consumar o matrimônio neste papel.
Leonardo Ramos