SILENCIO
Do silêncio,
recuso
a atmosfera muda
de fumaça.
Aos poucos,
vou me tecendo
até a semeadura
que me enlaça,
aos roucos,
em vez da mordaça,
ofereço a atadura.
Fio a fio,
desconfio,
ser o vazio
a chave,
e tudo mais
a fechadura.
Recluso,
traduzo
as ausências
das palavras
no olhar
do meu pensar.
Me vejo,
me sinto
na mudez
da carne,
na nudez
de alma
nunca é cedo,
nem tarde,
apenas é silêncio,
sua reveladora
calma.