VERSOS SEM TEMPO
Ó tempo
que te deitas no leito
da vida
e sonhas
efêmero...
Não se vá
tão rapidamente,
apenas adormeças
e deixe
que tudo
se conclua em ti.
Cuida da lágrima
para que não se resseque,
ela lubrifica as engrenagens do coração.
Zela pelo sorriso
para que não se desbote,
as alegrias são
o verniz da esperança.
Venhas com teus ensinamentos,
mas não sejas por demais duro,
apenas o necessário
para que aprendamos
o valor das tuas esperas.
Deixai a dor
ser o remédio,
nem amargo
nem doce
apenas
a que cura
em ti
as feridas,
e nos devolve
as cicatrizes
de cada batalha.
Não permitas
que me vá no esquecimento,
não falo de mim,
a matéria frágil,
falo das memórias,
dos sentimentos,
do amor guardado
nas gavetas dos teus passados.
Ai se pudesse
voltar em ti,
por ti
seria o silêncio,
a prece contrita,
a palavra que não foi dita,
o cedo não precoce,
o tarde não tardio,
o desavisado amanhã.
Ó tempo
não te recolhas
antes do último beijo,
reserves alguma eternidade
para mim,
se possível não for,
me contento
em guardares lugar
para meus versos
eles são o melhor de mim
e o melhor que tenho para te dar
e para quem mais quiser
por meio deles amar.