FUGA
Era ele
a habitar
em seus disfarces,
com uma lágrima escondida,
passagens ocultas
pela dor,
marionete
do arrependimento.
Vivia
a esmigalhar
sorrisos,
cúmplice
das alegrias
desbotadas
de antanho.
Ora era o relógio,
a brincar
com os ponteiros,
lanças
no peito do tempo
como vento
a lhe desmanchar
a face,
ora era o espelho,
a refletir
os ecos
das palavras mudas.
Cumpria sem
estardalhaço
seu papel,
espantalho
a tentar
evitar,
derradeiros,
os corvos
do destino
ou
por desatino
ser apenas
o corpo
a representar
sem alma
nos
picadeiros
a
fantasia de ser
palhaço.