༺ Taverneira ༻
-Taverneira! Traga mais vinho! Não, Não, Não! Encha o caneco, até transbordar!
Preciso do álcool para me manter sóbrio.
É ele que me impede de perder a razão, de endoidar.
-Venha, fique um pouco, não me deixe sozinho,
Escute o que este velho tem para lhe contar.
A noite é longa para quem não tem companhia.
Quando não há com quem segredos compartilhar.
-Não, não faça essa cara de quem está com pena!
Conheço muito bem o quer dizer este olhar.
Essa é a expressão com a qual olham para os loucos,
Minha sanidade permanece plena, posso lhe afirmar.
-Ao menos uma vez empreste-me sua atenção.
Veja além dessa pele enrugada pelo vento do mar,
Em baixo dessas cãs desbotadas pelo tempo,
Há alguém que só precisa se fazer escutar.
-Venha, aproxime-se, e não tenha medo.
Sente-se a minha frente, esqueça um pouco deste bar.
Essa é a história triste e longa de um homem solitário,
De caminhos tortuosos, que, o fracasso esteve a beijar!
10/08/22