NOITE
Expando a mente pela noite,
enchendo-a de mim...
Toco-a em todos os brilhos,
em todas as estrelas e esquinas,
em todas as calçadas e becos,
com esses dedos imensos
do espírito tornado tudo.
Afago-a, envolvo-a,
misturo-me nela profundamente,
sedento das suas sombras,
dos seus segredos.
Percorro-a em algo mais
do que apenas uma caricia,
trocando confidências
nas brisas irrequietas
que só as noites conhecem.
Sinto-a em lamentos
que gritam distâncias
difíceis de transpor.
Em passos errantes
perdidos em rumos
apenas seus.
Ouço-lhe os gemidos
inconfessáveis,
em extraordinários murmúrios
repletos.
Imagino-a,
sempre que a não sei minha.
E amo-a como o fosse...
Janeiro de 2008