SAUDADE
Os pássaros vão-se embora em voo
Com a época das chuvas
De curta duração
E desvanecem ao horizonte
Eu, que nunca aprendi a voar
Permaneço solitário aqui
Neste recanto do longe
Fitando em direção a nada
Sinto a falta dos que me são iguais —
Do aroma da erva de kaxinde*
E o velho sol espalhando-se
Com teima, sobre a vastidão
No correr dos anos, ponho-me
A pensar, e pergunto-me inda
Cada vez mais, dia após dia
Em lágrimas de saudades
Quando hei de regressar também
Ao meu querido sertão.
*Kaxinde: erva aromatizante que se utiliza para chás (Angola).
Redigido em Kimbundu.
Tradução portuguesa do autor.