AMANTE
Procuro-te como um amante
busca o corpo do seu amado
Em meio a uma multidão de outros
vagueio com uma avidez insaciável
excitado em me deparar com o segundo
em que hei de te encontrar a me esperar
Na desarrumada vida em que vivo
prefiro a surpresa do descobrimento
ao invés do ordenamento dos perfilados
Não tenho em mim a inquietude dos agoniados
pois sei que estás por aqui em algum lugar
e daqui a pouco haveremos de nos juntar
E quando meus olhos enfim te virem
e meus dedos sobre tua superfície deslizar
fugiremos desse mundo discordante
enquanto a eternidade do encontro durar
Acaso fosse bibliotecário de Alexandria
tu estarias em minhas mãos mais cedo
e depressa entraria em teus encapados segredos
Talvez seja melhor arrumar esses livros
espalhados nas prateleiras deste quarto
em que dormirei abraçado contigo, meu livro
que nem fazem aqueles que são amantes