Ingratidão - Quem sai aos seus não degenera
Muitos anos atrás, decidi dar um passeio
por um caminho desconhecido
que se abriu na minha frente.
Logo no início,
apercebi-me que prosseguir não seria pera doce.
Como não sou de desistir
e achava que podia mudar o mundo, continuei.
A esperança está sempre latente em mim,
mesmo quando o desânimo começa a abeirar.
Penso sempre que uma luzinha surgirá
e é por isso que continuo.
Se voltar atrás
posso perder a oportunidade de ver surgir a luz.
Contudo, a almejada luz não surgiu nesse caminho
e ao fim de longos anos,
amando, cozinhando, lavando, respeitando,
pau para toda a obra,
urgia desbravar um novo rumo.
Fui tudo o que se espera duma mulher; fui mulher.
Como pagamento
poderia ter recebido o maior diamante do mundo,
que é o mesmo que dizer
um carinho embrulhado num sorriso,
ou um abraço entre o céu e a terra,
mas fui paga com ingratidão,
como se os préstimos prestados pela ‘mulher,’
fossem obrigação da ‘serviçal contratada’
para trabalhar de graça!
Mulher é mulher,
nenhuma outra palavra lhe serve de sinónimo.
É verdade que não espero recompensa,
mas pagarem o bem com o mal, não é expectável
embora os ingratos sempre pensem
que não devem nada a ninguém.
A ingratidão é filha da arrogância,
se bem que esta de mãe não tem nada,
foi apenas a parideira.
não admira que ela siga as suas pisadas,
pois quem sai aos seus não degenera.
Com empenho, entusiasmo e perseverança
abri um novo caminho.
Eu segui sempre por caminhos já abertos,
mas desta vez,
fui eu que arquitetei o meu próprio projeto
e como tal,
coloquei logo no início um sol radiante
para iluminar toda a estrada.
Deixou de haver escuridão
e nunca mais esbarrei na ingratidão,
porque no meu novo caminho tão bem iluminado,
aprendi a escolher o que era bom e do meu agrado!
©️Maria D. Reis
02/04/24
Portugal 🇵🇹