CADEIRA ELÉTRICA
Entre prazer
e realidade
estão os dentes .
Entre caramelos
e chocolates
Estão os dentes
Boca aberta
Sem desejo
Dos beijos de língua .
Apenas boca
escancarada
Temendo a dor
Dá- lhe troncular:
línguas adormecem
(dente subjugado )
O alvo são canais
invadidos por lâminas
e brocas sádicas
Penetram com furor
sem erotismo
a cortar nervuras
Doentes descrentes
condenados ao terror
da cadeira elétrica
A morte não lhes cai bem?
A broca é a prova cabal
que Deus não existe
Ficam para trás
o algodão doce , os alfenins
os Pés- de – moleque
Dentes revelam
O exato estágio
Em que transcorre a vida
O implante de porcelana
É o prelúdio do fim:
Tragam-me dentaduras!
Na sala o Eugenol
exala o doce odor
de um bouquet de cravos
Marcia Tigani