Cantos de Baal I
I
Cantos de Baal
Anda, acorda!
Toma a caneta e o papel e escreva o que te digo.
Ouço anúncios apocalípticos, poeta :
o homem se degrada;
o espaço da poesia é o da ninguendade ;
vivemos no império da técnica e destruição da história
[como
possibilidade real;
Deus tornou-se uma abstração abandonada!
O verso é um vira-lata farejante
que procura alguma coisa pelas ruas ermas.
Quem sabe um dia ele encontrará... quem sabe...
Hoje é a Linguagem que nos interroga, essa esfinge preste a
banquetear quem fala.
Ai de mim! Onde fico nisso tudo.
Apenas escuto passos, mas não os vejo.
Eu te procuro, sentido.