A lua - meu abrigo

Eu tinha acordado alegre e bem disposta.

Hoje vais ter um dia em grande, disse eu para mim.

Sentia-me leve e tudo à minha volta parecia leve.

Eu cumprimentava e sorria para as pessoas

que se cruzavam comigo.

Volta e meia, saltitava como um passarinho livre

cheirava uma flor e cantarolava uma cantilena.

Quando começou a cair a noite,

uma estranha inquietação começou a invadir-me.

Bateram à porta e sobressaltei-me, era uma batida crua

Foi o vento e disse: “O teu amado está embriagado.”

Ele entrou como um furacão desgovernado,

ofendeu-me, agrediu-me e despejou-me na rua.

Ai mulher reage, não te vás abaixo, é melhor assim,

do que ser vítima de maus-tratos, disse eu para mim.

De nada me valia continuar ali especada,

fui caminhando na esperança dum milagre.

Pedi ajuda ao vento, mas ele estava apressado.

A gaivota disse que tinha os pais ao seu cuidado.

Em situações de aflição, sempre vou para o mar,

mas ele também estava preocupado,

as ondas não se desfaziam em beijos de espuma.

A lua vestida de prata e vendo-me sem amparo

guiou-me para um recanto, onde havia uma sumaúma.

Protegeu-me e aqueceu-me com o luar.

Não pude evitar um doce e aquiescente sorriso…

Adormeci calma e aconchegada nos meus braços.

Quando já temia dormir ao relento,

eram só desculpas ao meu pedido de ajuda,

veio a lua e foi ela que me deu abrigo!

©️Maria D. Reis

04/02/23

Portugal 🇵🇹

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 04/02/2024
Código do texto: T7992225
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.