Escrevo para me ler
Escrevo para me ler
Escrevo para mim como se falasse para dentro
Mas só ouço enfim o que não invento
Como se filtrasse o que está na verdade em equação
E deixasse espaços vagos de criatividade para a ilusão
Ninguém sabe como dançam as minhas palavras
Envolvem-se as densas escuras com as leves e claras
Algumas são sombras para abrandar o ritmo do verso
Outras têm todas as luzes que abraçam o Universo
Às vezes descansam com o café no final do dia
Num chapéu de uma mesa ao sol da poesia
Ganham vida no alvoroço das pontas dos dedos
Agarro as que posso e meto num bolso de segredos
Escrevo os meus silêncios só porque têm que o ser
São silêncios na mesma só que não se querem perder
Luísa Rafael
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Porto, Portugal