No azul da janela
No azul da janela
Não sei se a janela transparente já céu
Ou se este azul quente é reflexo meu
Sei que sempre que nele me detenho e o olho
Tenho do sonho as estrelas que desenho e colho
Nos ladrilhos lapidam-se alguns pensamentos
Brilhos de fé que me acariciam em alentos
Pelos orvalhos dos vidros abro alguns caminhos
Que escorregam decididos para os seus destinos
Nada vejo nem sequer me apetece ver
O parapeito é a estrada para deixar acontecer
Por isso me debruço nesta calçada da visão
E me perco do nada sem sentido de orientação
E o que penso até escondo de mim e do Universo
Mas às vezes é tão intenso que enfim se solta num verso
Luísa Rafael
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Porto, Portugal